segunda-feira, 16 de julho de 2007

Por que eles e não nós? - Capítulo 1 - A Indústria

* Falta uma política industrial eficaz
O empresário brasileiro arca hoje com um dos maiores custos do mundo para realizar novos investimentos. Não é à toa.

"A taxa de investimento é muito baixa porque o custo é muito alto", diz Pereira. "Por que correr o risco de imobilizar sua riqueza em máquinas e equipamentos se existe a opção de aplicar recursos em títulos do governo com taxas de juros que rendem lucro certo?", indaga o economista do Iedi.

Não é de hoje que o empresário Fuad Mattar, presidente da Paramount Lansul, uma das principais indústrias do setor têxtil brasileiro, planeja investir na China. Responsável no País pela grife francesa Lacoste, a Paramount Lansul tem uma tradição de 120 anos no mercado. (...) "Temos um câmbio de R$ 1,87, que é ótimo para investir, mas na hora de pôr as máquinas para funcionar, esse valor sobe para R$ 2,50, por conta da carga tributária." Além de caro, o crédito para investimento no País tem prazo muito curto, de no máximo dez anos, para empresas de primeira linha. Já nos países asiáticos, esse prazo chega a 25 anos. "Eles (os asiáticos) também não tributam investimentos e têm um câmbio muito favorável para exportação", observa o empresário."

Paulo Francini, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), observa que "aquilo que chamamos de ambiente hostil à produção é o mesmo que está no cenário de quem deseja fazer investimento no País". Para ele, entre as poucas vantagens comparativas do País nessa área estão a terra e o clima, que favorecem investimentos em cana-de-açúcar, papel e agronegócio."

Fonte: "Custo de investimento produtivo no Brasil é o 3º maior do mundo" (crédito: O Estado de S. Paulo, Marcelo Rehder, 16/07/2007)


* Dificuldade em se obter crédito
Além de caro, as empresas ainda enfrentam sérias dificuldades para conseguir crédito para financiar investimentos - principalmente as pequenas e médias. Segundo pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com 227 empresas do setor, entre os principais obstáculos estão as exigências burocráticas excessivas, prazos e carências inadequadas e exigências de garantias exageradas.

Todas as empresas, independentemente do porte, apontaram os custos elevados do crédito como principal obstáculo ao investimento. "A resposta éóbvia", diz José Ricardo Roriz, diretor do Departamento de Tecnologia e Competitividade da Fiesp. "Embora a TJLP (taxa de Juros de Longo Prazo) esteja caindo, o custo continua alto, principalmente por causa da taxa de intermediação cobrada pelos bancos repassadores dos recursos do BNDES."

Fonte: "Exigências e burocracia tornam mais difícil o crédito" (O Estado de S. Paulo, 16/07/2007)

Bônus:

80 fusões e aquisições foram feitas no período de 1995 a 2007 nossetores químico e petroquímico (segundo levantamento da KPMG)

43% foi o avanço da concentração no setor mecânico nos últimos 10 anos

59% do setor petroquímico está hoje nas mãos da Petrobrás

Fonte: "Concentração industrial aumenta no País" (O Estado de S. Paulo, 16/07/2007, Nilson Brandão Junior) - e desconcentração no setor automobilístico

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